A HISTÓRIA FEITA POR NÃO HISTORIADORES: LEONARDO BOFF INTELECTUAL PÚBLICO E HISTÓRIA PÚBLICA.
Resumo
Este trabalho visa tratar sobre os (não)historiadores, ou seja, aqueles profissionais que lidam com usos do passado e da história sem necessariamente serem historiadores de formação. A História Pública como um campo amplo e interdisciplinar da historiografia, neste aspecto, é entendida como ambiente propício para a atuação desses agentes de disseminação da história e das obras que contém os usos do passado, uma vez que, a história não é propriedade exclusiva dos historiadores.
Neste aspecto, os intelectuais desempenham um importante papel na sociedade como aqueles que falam para amplas audiências e no espaço público, podendo muitas vezes utilizar-se do passado histórico para defender seus pontos de vista e suas ideias. Uma figura importante da década de 80 no Brasil é o intelectual público Leonardo Boff, que será analisado como parâmetro para o desenvolvimento das ideias contidas neste trabalho. Embora seja filósofo e teólogo, Boff escreveu inúmeras obras que estão repletas de usos do passado e impregnadas de história, sobretudo, do cristianismo antigo. Ao longo do texto pretende-se observar e analisar se é possível considerar que o autor “faz” história e qual a relação do que produziu e escreveu com o campo da história pública e divulgação da história para os meios não acadêmicos.
A abordagem é de cunho teórico bibliográfico, fazendo relação de textos publicados por diversos autores que versam sobre história pública e usos do passado com a obra Igreja: carisma e poder[1] de Leonardo Boff. Ao longo do trabalho buscou-se entender como esses autores compreendem tais usos e a sua transformação em conhecimento histórico pelos mais diversos integrantes do campo intelectual e como se encaixam no campo específico da public history. Entre os autores utilizados se pode citar: Fernando Nicolazzi; Ricardo Santhiago; Jill Liddington Paul Ashton; Hilda Kean; Roy Rosenzweig, entre outros.
O trabalho está organizado da seguinte forma: uma seção voltada para a discussão sobre os materiais e métodos empregados na pesquisa; outra para expor os resultados e as discussões, de forma sucinta; e uma terceira seção contendo as considerações finais.
A obra de Leonardo Boff Igreja: Carisma e Poder, publicada em 2005 pela editora Record, após 21 anos do silencio imposto ao autor pela Congregação para Doutrina da Fé do Vaticano, é uma reedição da obra original publicada em 1981 e traz o conteúdo da publicação original sem correções ou acrescimentos impostos pela Igreja no processo conduzido pelo cardeal Joseph Ratzinger. O Livro é composto por 13 capítulos de produções escritas por Boff e apêndices contendo os documentos do processo doutrinário e um balanço pessoal do autor.
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