A “LOUCURA MATERNA” NO PÓS-PARTO : VIA DE CONSTITUIÇÃO DO CAMPO MATERNO.
Resumo
O presente trabalho, derivado de pesquisa doutoral, se realiza em torno da análise de um caso clínico freudiano, “Um caso de cura pelo hipnotismo” (1996 [1892-93]) e seus desdobramentos no debate com o conceito de “preocupação materna” primária do psicanalista inglês D. Winnicott e a noção de baby blues a partir de autores da psicologia perinatal. A partir do método psicanalítico combinado à pesquisa documental de base bibliográfica, partimos do fenômeno frequentemente observado no puerpério, a saber, a manifestação de sintomas psicopatológicos nas mulheres no período do pós-parto. Defendemos, como hipótese, que esses sintomas, constituem, no nosso debate, a expressão de uma realidade que se estabelece no conflito entre a ideologia da super mãe (sustentada pela concepção da maternidade como algo natural no ser mulher) e o desejo feminino para além da prole e da maternidade. A análise do material bibliográfico é realizada em dois percursos. O primeiro – começando pelo caso clínico freudiano – se inscreve numa perspectiva clínica que busca uma compreensão psicodinâmica e metapsicológica a partir da definição do aparelho psíquico em Freud, considerando o conceito de recalque e o mecanismo psíquico da histeria. O segundo, compreende a cultura e as normas sociais que a constitui; expõe a concepção freudiana do social e de como este incide sobre o sujeito, partindo do texto “Moral sexual ‘civilizada’ e doença nervosa moderna” (FREUD, 1908); reflete sobre o ideal da maternidade contemporâneo como elemento da cultura vigente nas normas das sociedades ocidentais, e, por fim, destaca o lugar da “loucura” materna, uma “loucura normal”, fazendo referência ao termo utilizado por D. Winnicott (2000[1956]), face às exigências do mundo pós-moderno.
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