O filósofo e o relógio de areia: vida e temporalidade em Bergson
Palavras-chave:
ação, duração, inteligência, vida, envelhecimentoResumo
O objetivo deste artigo é examinar a relação entre ação e inteligência do ponto de vista da evolução da vida, procedendo assim a uma descrição da “ação vital” de acordo com as linhas gerais do pensamento de Bergson – sobretudo no primeiro capítulo d'A evolução criadora (1907). Esta obra, ao enfatizar temas como a mudança e a temporalidade inerentes aos processos vitais, tanto do ser humano como da vida em geral, coloca a filosofia não só em diálogo com as ciências humanas, mas também com as ciências da vida, porquanto confronta as principais teorias da biologia (evolução, mecanismo e finalidade) com a reflexão filosófica. Como hipótese de trabalho, sugerimos que o conceito de “ação”, para além do sentido prático que lhe confere a experiência humana, não implica pura passividade, mas sim uma ação integrada na totalidade. Nesse sentido, totalidade de vida é também totalidade de ação. Se a ação prática não é livre, uma vez que almeja extrair do ato certa utilidade, uma ação não prática poderá ser pensada como um esforço individual para coincidir com a duração, entendida aqui como totalidade da mudança temporal. Haveria, portanto, uma ação desinteressada que dá lugar à intuição filosófica, caracterizada como uma inflexão do pensamento humano sobre o seu próprio processo vital.
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